O Êxodo Digital
Saí do grupo da família no WhatsApp no dia em que uma de minhas tias postou: “Quem vota em esquerdista vai pro inferno, mas antes passa pela CPI da Alma!”. Minha mãe, santa mulher, ainda tenta me salvar: “Filha, pelo menos dá bom dia no grupo da igreja!”. Respondo com um sticker da Pipoca bocejando – meu novo “amém”.
Política no Púlpito (e o Apocalipse no Meu Feed)
Descobri que há apenas dois tipos de crentes atualmente:
Os que acham que Lula é o anticristo (mas comemoram quando o Bolsa Família paga o gás).
Os que “oram pelo Brasil” (desde que o Brasil seja o candidato deles).
O auge foi quando o pastor anunciou que “Deus é liberal na salvação, mas conservador nos costumes” – e metade da igreja aplaudiu como se fosse versículo bíblico.
A Arte da Evasão Sagrada
Minhas táticas para sobreviver:
“Ah, não vi sua mensagem” (vi, sim. E a Pipoca riu).
“Estou em jejum digital” (mentira. Só de mensagens de correntes).
“Vou orar por você” (tradução: vou rolar o feed e esquecer).
A Última Paciência Perdida
Quando me perguntam por que não vou mais aos cultos, digo: “Estou em êxodo espiritual”. Se insistirem, solto um “Jesus andava no deserto, e eu tô seguindo os passos dele” – enquanto visto meu pijama e vejo Netflix.
Conclusão
Minha fé agora cabe em três frases:
Amo Deus, mas odeio o WhatsApp.
Creio no céu, mas prefiro meu sofá.
A Pipoca é meu anjo da guarda (e não fala de política).