Desconectada da Fé (e do Grupo da Família): Confissões de Uma Ex-Crente em Paz

Grazianne Delgado
Por Grazianne Delgado 128 visualizações
Foto: pixabay

O Êxodo Digital

Saí do grupo da família no WhatsApp no dia em que uma de minhas tias postou: “Quem vota em esquerdista vai pro inferno, mas antes passa pela CPI da Alma!”. Minha mãe, santa mulher, ainda tenta me salvar: “Filha, pelo menos dá bom dia no grupo da igreja!”. Respondo com um sticker da Pipoca bocejando – meu novo “amém”.

Política no Púlpito (e o Apocalipse no Meu Feed)

Descobri que há apenas dois tipos de crentes atualmente:

    • Os que acham que Lula é o anticristo (mas comemoram quando o Bolsa Família paga o gás).

    • Os que “oram pelo Brasil” (desde que o Brasil seja o candidato deles).


O auge foi quando o pastor anunciou que “Deus é liberal na salvação, mas conservador nos costumes” – e metade da igreja aplaudiu como se fosse versículo bíblico.

A Arte da Evasão Sagrada

Minhas táticas para sobreviver:

    • “Ah, não vi sua mensagem” (vi, sim. E a Pipoca riu).

    • “Estou em jejum digital” (mentira. Só de mensagens de correntes).

    • “Vou orar por você” (tradução: vou rolar o feed e esquecer).


A Última Paciência Perdida

Quando me perguntam por que não vou mais aos cultos, digo: “Estou em êxodo espiritual”. Se insistirem, solto um “Jesus andava no deserto, e eu tô seguindo os passos dele” – enquanto visto meu pijama e vejo Netflix.

Conclusão

Minha fé agora cabe em três frases:

    1. Amo Deus, mas odeio o WhatsApp.

    2. Creio no céu, mas prefiro meu sofá.

    3. A Pipoca é meu anjo da guarda (e não fala de política).

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