Meu pai me olhou com a cara de quem tinha visto um ET quando eu disse que ia “fazer um detox digital no final de semana”.
— “Filha, você tá com febre? Isso é gripe?”, ele perguntou, genuinamente preocupado.
Tentei explicar que era só um “break das redes sociais”, mas aí ele achou que eu tinha quebrado o celular. Quando falei em “burnout”, quase chamou o bombeiro.
A verdade é que o brasileiro médio agora tem dois idiomas: o português das ruas e o “portinglês” do LinkedIn. Você marca um “quick chat” que vira três horas de conversa. Promete um “follow-up” e some por meses. E o pior: já existem pessoas dizendo “bora almoçar? My treat!” quando querem pagar a conta – como se “minha vez” tivesse virado arcaico.
Até as brigas mudaram. Ninguém mais “termina” – agora é “vamos dar um space”. Briga de trânsito? “Cara, what’s your problem?”. E o clássico: “não estou feeling it hoje” (tradução: preguiça nível Netflix).
O lado bom? Quando você não quer responder alguém, basta dizer “vou te dar um feedback depois” e fugir correndo. Universalmente entendido como “nunca mais” em qualquer língua.