Em um futuro próximo, quando os historiadores olharem para trás e analisarem o nosso tempo, é provável que nos batizem de a Geração do Lixo. Nunca antes uma sociedade produziu tanto desperdício, consumiu de forma tão desenfreada e deixou um rastro tão profundo de poluição no planeta.
Enquanto avançamos tecnologicamente, fracassamos como gestores dos nossos próprios resíduos. O plástico invade os oceanos, montanhas de eletrônicos descartados contaminam solos, e o consumo rápido (o famoso fast fashion, fast food, fast everything) gera uma enxurrada de descartáveis que a natureza não consegue absorver.
Os Números que Nos Condenam
- 2,1 bilhões de toneladas de lixo são produzidos por ano no mundo (Banco Mundial).
- 79% de todo o plástico já fabricado ainda está em aterros ou poluindo o meio ambiente (Science Advances).
- O brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo por dia – e menos de 4% é reciclado (ABREMA).
Ou seja, geramos mais lixo do que somos capazes de lidar, e o pior: grande parte desse material poderia ser reaproveitado, mas falta vontade política, investimento e mudança de hábitos.
O Que Será Dito de Nós no Futuro?
Daqui a 50 ou 100 anos, os livros de história não falarão apenas das nossas conquistas tecnológicas ou médicas, mas também do nosso descaso ambiental. Seremos lembrados como a geração que:
- Priorizou o conveniente em vez do sustentável (copos descartáveis, embalagens individuais, produtos com vida útil curta).
- Sabia do problema, mas agiu tarde demais (enquanto cientistas alertavam, governos e empresas postergavam soluções).
- Transformou o planeta em um depósito a céu aberto (ilhas de plástico no oceano, lixões em países pobres, contaminação por microplásticos).
Como Mudar Esse Legado?
Ainda há tempo para reescrever essa narrativa, mas precisamos agir agora. Algumas mudanças urgentes:
- Reduzir o consumo desnecessário – Comprar apenas o essencial, evitar descartáveis e optar por produtos duráveis.
- Cobrar políticas públicas eficientes – Lutar por coleta seletiva, logística reversa e leis que responsabilizem fabricantes pelo lixo que geram.
- Apoiar a economia circular – Valorizar marcas que reciclam, reutilizam ou produzem com menor impacto.
- Educar as próximas gerações – Ensinar crianças sobre consumo consciente e o verdadeiro custo do “jogar fora”.
O Lixo é o Nosso Espelho
O modo como lidamos com o lixo reflete nossos valores como sociedade. Se continuarmos nesse caminho, seremos lembrados como a geração que teve conhecimento, recursos e oportunidade de mudar, mas escolheu o comodismo.
Mas se agirmos com responsabilidade, talvez o futuro nos veja diferente: não como a Geração do Lixo, mas como a geração que decidiu mudar o jogo.
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado